Rio de Jano: documentário apresenta olhar estrangeiro que tenta fugir de clichês sobre a cidade




Futebol, romance, mulheres e selva. Geralmente é partindo destas ideias que um gringo se refere ao falar do Rio. Com a indústria cultural frequentemente inserindo esses clichês no imaginário coletivo, fica fácil perceber que até nós, cariocas, acabamos nos convencendo vez ou outra de certos esteriótipos. Em 2002, um episódio de Simpsons ganhou repercussão por tratar a cidade de forma pejorativa (lembrando que não foi a primeira vez que trata do Brasil em tom ofensivo). Em "Blame it on Lisa", o programa usa de sequestro, sexualidade exacerbada e ociosidade para se referir à cidade. Além disso, em uma das cenas, primatas começam a atacar Lisa e sua mãe na rua, reforçando a ideia de que, nós, brasileiros, somos macacos e selvagens. 

Romer e Bart são sequestrados no Rio

Infelizmente, imagens como essa não são raras. E o pior é que ainda nos sentimos forçados a consumir e rir de produtos assim. Mas não é sempre que um gringo recorre ao lugar-comum para abordar o tema. Em "O Rio de Jano", o cartunista percorre a vários lugares da cidade para apresentar uma nova visão a ela. Mas de uma forma bastante coesa, consegue sair dos clichês e tratar o assunto sem vulgaridades. Em uma passagem do documentário, o artista diz: "quero distorcer a visão turística", e é exatamente o que faz. Retrata a praia do Flamengo completamente suja, sobe ao Vidigal para dançar no baile funk e se junta ao Clube do Flamengo para conhecer um pouco melhor o cotidiano urbano.

Uma visão do cartão postal do Rio completamente diferente da esperada: a praia do Flamengo, com o pão de açucar logo atrás, toda suja

A obra de Jano revela uma ironia sobre os aspectos da rotina carioca, mas com muita simpatia e informalidade. O cartunista consegue fazer um estudo antropológico do meio urbano para captar uma atmosfera diferente da qual estamos habituados. Assim, ele tenta captar os gestos, costumes, para chegar a uma representação não ofensiva. Jano olha para o Rio como um todo complexo, com vícios e virtudes que se contrapõem. 

Comentários

  1. É impressionante como eles ainda tentam falar por nos. Mudam os anos mas a historia permanece a mesma. Seguimos resistindo... Grande Jano!

    ResponderExcluir
  2. Me lembra de um trabalho que eu fiz recentemente - O Rio em si tem um grande número de subculturas, mas você realmente só vê um pequeno número sendo exibido no total. É realmente um pouco chato.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. o mais impressionante é que é justamente a cultura popular que singularizou o Brasil... triste

      Excluir
  3. Nossos governantes precisam parar de vender imagens de uma cidade do futebol, belas praias e toda a conotação sexual que envolve o carnaval.
    Caso contrário, continuaremos sendo vistos como um povo ocioso, sensual e não merecedores de respeito.

    ResponderExcluir
  4. Excelente matéria,chega de rótulos pejorativos!

    ResponderExcluir
  5. Sono desse povo gringo que não sabe de nada.
    Por mais voz e representatividade aos artistas nacionais!

    ResponderExcluir
  6. Adorei a matéria e sinto muito que o Brasil - principalmente o Rio, ainda seja alvo de tantos esteriótipos. A maneira que o Jano retrata as mulheres em suas artes ainda é muito arcaica. Como disseram acima, é necessário que haja maior destaque aos artistas nacionais, principalmente aqueles que tratam sua resistência como arte!

    ResponderExcluir
  7. É muito ruim querer mostrar os pontos positivos daqui quando nos mesmo ja falamos mal o tempo todo da cidade

    ResponderExcluir
  8. Não sou muito revoltado com estereótipos assim. O Brasil sabe muito bem o que vende para fora. Além disso, temos nossos próprias piadas prontas dos gringos, como, no caso dos EUA, a obesidade, as armas e muito mais. Os macacos nas ruas no episódio dos simpsons parece, e é, ridículo, mas lembremos que damos uma importância muito maior para a nossa fauna que os americanos. A questão da violência, óbvio, não foge tanto da realidade. Se formos nos revoltar tanto com estereótipos, ninguém nunca mais vai fazer piada de nada. O humor depende da gozação, e a gozação depende um pouco da generalização de defeitos. Pelo menos, assim que vejo

    ResponderExcluir
  9. Nova... Não tinha pensado por essa lado. Ri muito quando vi o episodio no ar inclusive.

    ResponderExcluir

Postar um comentário